quarta-feira, 20 de maio de 2009

O QUARENTA
Numa tarde de domingo, próximo ao anoitecer, havia um grande tumulto na praça, uma porção de gente aglomerada em torno de um corpo caído, ofendido nas nádegas por um objeto contuso não identificado.
Imediatamente, acionaram a policia e em poucos minutos chegou três viatura no naquele local. Foi feita uma investigação minuciosa, apurando que o agressor seria um individuo conhecido pelo alcunha de "Quarenta".
A policia correu atrás com muita eficiência, pouco tempo depois, prendeu o meliante em flagrante delito, conduzindo-o para a Delegacia de policia. Chegando lá o Delegado determinou que o escrivão colhesse os depoimentos do ofensor da vitima. O escrivão, falou para Quarenta, que era para ele falar o que aconteceu naquele dia, começando interrogá-lo.
Quarenta declarou o seguinte: que aproximadamente um mês ele chegou em casa e deu de cara com a esposa na cama com um forasteiro que tinha fama de valente e era conhecido por Cascavel. Como ele era muito sistemático, não quis interrompê-los, preferiu sair de fininho para os fundos do quintal.
No dia seguinte, chegou em casa e o Mala ta lá de volta deitado na sua cama, Quarenta foi obrigado novamente a cortar trecho. Daí por diante, virou rotina, no dia em que Quarenta chegava em casa e não encontrava Cascavel usando a sua cama por empréstimo, mais tarde era obrigado a sair correndo, quebrando mato no peito, porque o valentão estava chegando. Como ele era uma pessoa de paz, não gostava de confusão, para não ter atrito, preferia deixá-los a vontade.
Um dia, Cascavel chegou de supetão e não deu tempo de Quarenta escapole, como a esposa dele era muito jeitosa, virou para ele e falou; ô benzinho esconde em baixo da cama, ele agradeceu a idéia e caladinho enfiou por baixo da cama ficando quietinho, esperando Cascavel terminar o serviço.
Ele contou para o escrivão que foi emocionante ouvir a conversa dos dois, ele ficou impressionado com a consideração deles com sua pessoa.
Terminada o ato, Cascavel virou para a esposa de Quarenta, muito sentido, anunciando que estava de partida.
Agradeceu a hospitalidade, mandou um abraço para o marido, em seguida falou que fez um acerto na firma em que estava trabalhando e pretendia da um presente para ela.
Como a esposa de Quarenta era muito garrada com ele, respondeu que ela não estava naquele momento precisando de nada, mas o marido estava precisando de um sapato. Ai, ele falou com ela que era um prazer presentear o marido dela, porque ele foi muito compreensivo, muito gente boa, perguntou para ela qual era o número dele, ela respondeu que não sabia o numero que o marido calçava, em dado momento, ele retirou a cabeça debaixo da cama e falou para Cascavel que o número é quarenta, continuando as declarações, ele falou que hoje, quando passava pela pracinha em frente o coreto, sem mexer com ninguém, um engraçadinho, abusador dos mais velhos, chamou pelo apelido de quarenta, ai ele foi obrigado a dar uma chifrada na bunda dele, tudo pode, menos desrespeito.

Luiz Geraldo Dias