quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cruzeiro do Sul Esporte Clube: uma aventura no esporte
A juventude nos anos 1940 tinha como principal diversão o cinema, o footing na Capistrana, os bailes, o jogo de snooker, os picnics na serra, os gibis de aventuras etc, porém o que mais os atraia e fascinava como um emocionante desafio era a pratica do futebol. Os times eram formados na conversa das rodas da Capistrana e a rapaziada logo propunha formar um escrete com quem jogasse ou mesmo nada sabia do ludopédio inglês. Duravam mais ou menos um ano ou dois e eram concorridas as disputas com outros times da época que logo brotavam também para as disputas no Campo do Quartel e do Ginásio, além de enfrentarem viagens até Datas, Serro ou Gouveia a convite para jogos sensacionais e renhidos, emoldurados pelas bravas torcidas e belas jovens aficionadas pelo esporte e pelos rapazes de topetes com brilhantina Royal Briard e afoitos para o namoro.
O Cruzeiro do Sul Esporte Clube foi fundado em meados de 1945 com sua camisa azul e branca, calções brancos, a meia que tivesse e chuteiras de traves de sola e prego sob o treinamento e a aguda visão do técnico José Honório e tendo como jogador e incentivador do time o jovem Antonio Fernandes. Os jogos eram bastante renhidos nas disputas com o Esperança Juventude Clube, formado pelos jovens do Bairro Rio Grande, no Campo do Quartel considerada uma partida clássica "parada torta" e contra o time do Ginásio no campo do famoso liceu com seus jogadores Paulo Afonso e Mamão, conhecidos como uma "parede de beques". Quando eram convidados para jogar em outras cidades, alugavam o caminhão Chevrolet de Cotonio e iam sentados sacolejando na carroceria "comendo poeira" pelas rodovias de terra, mas com o espírito indomável de atletas e os uniformes acondicionados em sacos de moá para não sujarem. As epopéias em Datas ficaram na memória, pois a "assistência" (torcida) era de amargar e bastante bairrista apupando e fazendo toda sorte de artimanhas para distrair os jogadores com ameaças, gritos e gozações, tendo um dia um pênalti a seu favor e com ameaças da turba, o técnico disse para o jogador: "bate fora senão nós apanhamos". Perderam de 6X0. Os campos nesta época eram "duros" sem gramado e com terra e pedregulhos, traves de madeira e bastantes irregulares, mas a aventura de ir à outra cidade era emocionante para ver a torcida feminina, ganhar alguns flirts sonhadores e saborear um jantar quando tinha ou tomar uma Bhrama teutonia e Antarctica faixa azul depois do embate. Como tantos times da época, o Cruzeiro do Sul durou um ano ou dois e com a mudança do técnico Zé Honório os jogadores foram para outros times como o já famoso Tijuco que despontava como um dos maiores fenômenos do nosso futebol. Apesar de sua efêmera duração, estes times eram os celeiros de bons atletas e dentre muitos, destacamos dois grandes jogadores que foram para o Tijuco: Antonio Neves do Esperança e Gil Barrote do Cruzeiro.

William Spangler - Setembro/2009