quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O sertão de Guimarães Rosa: das páginas para o cinema

Com direção de Vinícius Coimbra, o longametragem
A hora e a vez de Augusto Matraga é filmado em Diamantina

Após as comemorações de seu centenário de nascimento, em 2008, o escritor cordisburguense João Guimarães Rosa – um dos maiores gênios da literatura mineira e brasileira – ganha mais uma homenagem. Sob produção da Prodigo Films, a saga de Augusto Matraga, personagem do último conto do livro Sagarana, clássico escrito em 1946, saí das páginas para a tela do cinema. O longa-metragem A hora e a vez de Augusto Matraga foi inteiramente rodado em Minas Gerais. No início do mês de setembro a equipe estve na cidade em Diamantina, gravando no Biribiri, povoado totalmente tombado pelo Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), no Sitio João de Nico e no Capivari. As filmagens têm apoio da Minas Film Commission, projeto do Governo de Minas Gerais, coordenado pela Secretaria de Estado de Cultura, que oferece apoio logístico e de acesso à locação de espaços para incentivar a produção de audiovisual nas cidades mineiras. O secretário de Estado de Cultural de Minas Gerais, Paulo Brant, acompanhou parte da filmagens em Diamantina.
Com direção de Vinícius Coimbra, a produção, independente, traz como protagonista o ator João Miguel, no papel de Augusto Matagra, acompanhado do elenco de primeira linha: José Wilker, Chico Anísio e Vanessa Gerbelli, além de outros atores de outros estados.
Para transpor à obra roseana para o cinema, a direção de arte de Moa Batsow transformou a pequena Biribiri, projetada no século XIX para abrigar, inicialmente 400 funcionários de duas fábricas montadas na vila. O lugarejo foi recriado para caracterizar o início do século XX, em que se passa o conto do autor. Os postes de luzes foram retirados e as casas ganharam tom envelhecido que mesclado à terra vermelha e ao chão batido retratam o sertão de Guimarães Rosa. O vilarejo já foi cenário dos filmes A dança dos bonecos, de Helvécio Ratton, e Chica da Silva, de Cacá Diegues.

O conto
Augusto Matraga é um fazendeiro violento, que traído pela esposa e emboscado por seus inimigos, acaba massacrado e dado como morto. É salvo por um casal de negros e, desde então, volta-se para a religiosidade. Mas conhece o jagunço Joãozinho Bem-Bem, que nele percebe o homem violento.
Matraga passa a viver o conflito entre o desejo de vingança e sua penitência pelos erros cometidos.