sábado, 15 de agosto de 2009

Infecção em Odontologia em tempos de Gripe A e sempre!!!

O controle de infecção e a biossegurança são temas de grande importância para a prática odontológica, e vêm despertando maior interesse nesse momento em virtude principalmente do avanço da epidemia da Gripe A/H1N1. Os profissionais de saúde se encontram em um conflito no que diz respeito a preocupação em suprir as necessidades de seus pacientes e, por outro lado, a preocupação em não se contaminar pelos mesmos. Somado a este dilema existe ainda o risco de infecção pela hepatite B, a mais preocupante das doenças infecto-contagiosas entre os profissionais de saúde. Esta infeçção pode levar a enfermidades gravíssimas e muitas vezes até a morte. Aproximadamente 18.000 profissionais são infectados pelo vírus todos os anos somente nos EUA.
Percebe-se hoje em dia um grande interesse com relação ao controle de infecção por parte dos dentistas e demais profissionais da área de saúde. Centenas de trabalhos são apresentados a cada ano em diferentes congressos, jornais, revistas e livros. Apesar de serem enormes as fontes de informação, e talvez por razão disto, persistem ainda muitas dúvidas e preocupações a respeito da correta aplicação das medidas de controle de infecção na clínica, para os profissionais e para os clientes. É de fundamental importância ampla campanha de esclarecimento junto a todas as pessoas de modo a melhorar conhecimentos, atitudes e procedimentos de controle de infecção, em todos os sentidos.
Infelizmente clientes ainda admiram, e o pior, comentam, que outros profissionais não tem tantos cuidados.
Será que todos conhecem o "Processo de Contaminação"?
A maneira pela qual ocorre a contaminação de uma pessoa para outra é chamada de processo de contaminação. Este processo envolve a existência de três componentes:
1. o agente
2. o hospedeiro
3. o meio de transmissão
Todos os três componentes são fundamentais para existir a contaminação de uma pessoa para outra. Quando algum destes não está presente a cadeia é quebrada e a possibilidade de infecção é eliminada. Parece simples... é simples... mas não se conhecendo não se pode quebrar o ciclo.
O Agente: É qualquer microorganismo capaz de causar uma infecção. Estes microorganismos são chamados de patógenos. Agentes patógenos são vírus, bactérias, fungos e protozoários. Existem agentes patógenos que somente sobrevivem em sangue, como o HBV (Hepatite B) e HIV (AIDS).
Mas existem os que sobrevivem sobre superfícies que temos contato no dia a dia, mesmo que essa sobrevida seja por um período curto de tempo.
O Hospedeiro: É qualquer indivíduo que não apresenta resistência a determinado patógeno. São muitos os fatores que influenciam na maior ou menor susceptibilidade de um hospedeiro, tais como: hereditariedade, estado nutricional, uso de medicamentos e imunização entre outros.
Por exemplo, um indivíduo com nutrição inadequada pode ser mais susceptível ao desenvolvimento de determinada infecção que outro com nutrição adequada. Medicamentos como esteróides ou quimioterapia podem aumentar a susceptibilidade ao desenvolvimento de doenças. O estado de imunização de um indivíduo também é importante. Indivíduos imunizados para poliomielite, sarampo, hepatite B podem eliminar qualquer chance de infecção. Nem toda exposição resulta em infecção.
O risco de transmissão é influenciado por diversos fatores, incluindo:
1. tipo de exposição
2. dose do micro-organismo transferido durante exposição
3. diferenças de susceptibilidade entre hospedeiros
4. diferenças e variações no processo de infecção no indivíduo contaminado
5. número de exposições
Meio de Transmissão: É aquele pelo qual o agente é transmitido a um hospedeiro. A maioria dos agentes são transmitidos por contato, inalação ou através de um veículo tal como alimentos ou água. A transmissão por contato é aquela que acontece por meio de contato direto, tal como o sangue em contato com uma ferida, ou por contato indireto através de algum objeto intermediário que esteja contaminado. Existe também a contaminação através de goticulas produzidas em espirros, tosse ou em procedimentos odontológicos. Nos casos de transmissão pelo ar, os microorganismos ficam suspensos no ar por longos períodos de tempo podendo assim serem inalados. Os vírus que vivem em sangue como o HBV e HIV não são transmitidos pelo ar. A tuberculose e o sarampo são exemplos de doenças que podem ser transmitidas pelo ar.
O objetivo dos procedimentos de controle de infecção é o de eliminar a transferência de microorganismos. Isto é obtido através de diversas maneiras:
1. uso de equipamento de proteção individual
2. imunizações
3. desinfecção e esterilização de superfícies e equipamentos.
Com este pequeno texto o que desejamos é que se entenda que os riscos existem e sempre existirão e, podemos ter ações de controle para minimizar os riscos e para que os benefícios do contato entre profissional-cliente, cliente- cliente (numa sala de espera por exemplo) e cliente-família estejam sempre em primeiro plano.
Faça sua parte, solicite orientação e cobre os cuidados com sua pessoa e seus familiares. É seu direito.
E-mail: marcelocgoncalves@uai.com.br

Dr. Marcelo Cavalcanti Gonçalves
Prof. M.S. em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial