quarta-feira, 15 de abril de 2009


Ação ou omissão

Qual foi a última grande obra construída em Diamantina que fosse realmente de grande impacto, não obras de conseqüência, mas sim como marco de idealismo?
Na minha visão míope, nós comerciantes de Diamantina temos dois pontos a nosso favor: o primeiro é que somos umas das poucas cidades históricas com um grande número de moradores no centro histórico, o que sem sombra de dúvida é de extremo significado em relação à preservação patrimonial e cultural. O segundo é que quando da elevação a patrimônio mundial Diamantina vem assistindo constantes adiamentos de investimentos por parte das empresas (externas) que tem nos deixado em uma imensa zona de conforto.
Quais de nós, empresários diamantinenses, não conhecemos outras cidades com estabelecimentos afins aos nossos e não percebemos as diferenças em suas instalações e estruturas de funcionamento?
Quantos de nós temos a convicção de que nossa empresa está bem, pronta realmente para o verdadeiro potencial comercial de nossa cidade? Sinto que impera entre nós (de todos os segmentos) uma guerra, atiramos para todos os lados, nunca em um alvo. Acredito que não sabemos qual é a missão da nossa empresa, apenas temos um objetivo: o de derrubar alguém, mesmo que fingimos não ser. Não temos a capacidade de dialogar, discutir, discordar e muito menos sonhar com uma ação em conjunto para a construção de uma meta. O que importa é apenas ganhar a qualquer custo e método. Apenas gerar emprego, eu acho muito pouco.
Poderíamos dizer que essa é a força perversa do Capital, que atropela e destrói tudo.
O desenvolvimento de uma sociedade não acontece apenas pelas ações do poder público (seja ele municipal, estadual ou federal) até porque a atuação desses tem sido apenas para interesses pessoais, diga-se de passagem, bem longe do que é a meta da Política. Também não é só pelas atividades comerciais. E o cidadão onde entra, qual é o seu sentimento ou o seu ressentimento? E as nossas instituições, sejam elas religiosas, públicas, privadas ou de ensino? Será que estamos todos falidos ou dispersos?
Somos tidos como conservadores, cultivadores das artes, religiosos, hospitaleiros, bairristas. A meu ver essas são qualidades, não meros significados, que podem colocar nossa cidade nos trilhos do desenvolvimento, da formação de uma sociedade mais justa (equilibrada) e consequentemente mais envolvida e ética.
Acredito que exista em cada um de nós uma voz interna que corroe dia a dia, que jamais calou e jamais calará - somos mesmo tudo isso ou somos uma mentira, covardes emocionalmente e publicamente? – desperta Diamantina.
Uma vara é fácil e simples parti-la com as mãos, mas quatro ou cinco é quase impossível. Se usarmos nossa razão será possível juntos – empresas e cidadãos – realizarmos: Uma bienal do livro. Poderemos encabeçar uma campanha e construirmos um centro de convenções com uma simbólica venda de tijolos. Poderemos apadrinhar estudantes para pesquisarem sobre nossos vultos e pessoas típicas e assim contarmos nossa história em um museu vivo. Poderemos criar nosso fundo de cultura, onde esses recursos seriam destinados a manter sineiros para que ao toque das 6:00 hs, 12:00 hs e 18:00 hs seduzirmos nossos visitantes. Poderemos trazer peças de teatro, assim estaríamos plagiando o Centro Cultural Banco do Brasil e tantos outros programas de incentivo cultural, e olha essas são ações que não têm o poder de dar o estrelato a ninguém individualmente e sim de irrigar financeiramente o nosso bom e velho Tijuco. Não é administração pública e sim interação e responsabilidade social.
O bem que eu faço retorna a mim mesmo, assim como o mal.
Antenor José Figueiró - Antenor.figueiro@ig.com.br
GAZETA TIJUCANA -PÁGINA 2 - EDIÇÃO 209